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Corporate Venture Capital

Corporate Venture Capital, ou CVC, já é por si um conceito inovador


A busca por inovação é a prioridade permanente no esforço cotidiano das empresas pela sobrevivência. É ela que gera vantagens competitivas, eficiências, ganhos de produtividade, melhorias nos produtos e processos e posição de destaque frente aos concorrentes. Apesar de tantos atributos, é mais fácil falar sobre inovação do que praticá-la.


As empresas, em geral, como qualquer organismo complexo, possuem processos burocráticos e lentos, que acabam funcionando como anticorpos contra qualquer coisa que ameace o status quo. Boas ideias e bons projetos, não raramente, são liquidados no nascedouro e poucas inovações chegam ao mercado.


Outro problema é a falta de orçamento dedicado à inovação. Estima-se que 20% das empresas brasileiras do setor de TI não invistam regularmente em Pesquisa e Desenvolvimento, segundo o Censo de TI 2015. O estudo mostra também que 30% das empresas dizem investir apenas 0,25% da receita em inovação.

Numa atividade em que as grandes corporações investem de 3% a 5% do seu orçamento anual em inovação, como as empresas menores podem se destacar, mesmo considerando as suas limitações de recursos financeiros e de pessoal? Uma solução está no modelo dos Corporate Venture Capital.


Corporate Venture Capital, ou CVC, já é por si um conceito inovador. Em vez de buscar isoladamente o desenvolvimento tecnológico, grandes empresas passaram a ganhar tempo investindo em startups com propostas inovadoras – uma formula engenhosa para contornar as burocracias corporativas e aproveitar as soluções desenvolvidas externamente. Mitigam-se os riscos e economizam-se processos e discussões


O formato nasceu em 1960, mas ficou popular na década de 1990 nas indústrias de semicondutores e telecomunicações, diante do desafio da chamada Lei de Moore, segundo a qual o poder de processamento dos computadores dobra a cada 18 meses. Grupos como Intel, Cisco, GE e Siemens são exemplos de empresas que adotaram o modelo do CVC de modo pioneiro nos EUA, hoje disseminado pela indústria em geral, pelo varejo, media e, mais recentemente, pelo setor financeiro.


Apenas em 2015, US$7,5 bilhões foram aplicados em CVC, representando 13% de todo o capital investido em venture capital, segundo estudo da NVCA, a Associação Nacional de Venture Capital dos EUA.


O objetivo do CVC pode ser estratégico ou financeiro. Investimento com objetivo estratégico é feito primariamente para aumentar, direta ou indiretamente, as vendas e os lucros da empresa. A empresa que realiza o CVC estratégico busca identificar e explorar sinergias com a startup, visando adicionar para si um potencial de crescimento. Já os investimentos financeiros buscam alavancar as taxas de retorno do capital, aproveitando oportunidades ou tendências não necessariamente ligadas ao negócio principal.

O potencial de retorno é dado através da saída do investimento (por meio de aquisição ou IPO).


Os benefícios do modelo dos CVC são amplos. Ao desenvolver a tecnologia in-house, a empresa está exposta a riscos, como utilização da tecnologia errada e perda do timing devido a burocracias internas. Ao investir em uma empresa emergente, vulgo startup, a empresa diminui riscos, pois possui dados reais para analisar o desempenho da solução.


O CVC também é uma excelente oportunidade para a startup investida queimar etapas, ao usufruir o potencial de crescimento trazido pelo sócio investidor ao negócio. Trata-se de um arranjo bom para todos. Ao mesmo tempo em que a startup possui agilidade e rapidez para testar e desenvolver soluções, ela não possui a demanda para a sua tecnologia nem os recursos necessários. A empresa investidora dá escalabilidade à startup, ou seja, potencial de crescimento, ao disponibilizar a ela canais de distribuição, recursos e branding, além da experiência de mercado de seus gestores.


A gestão dos investimentos pode ser feita internamente, com uma equipe própria responsável por encontrar, avaliar e gerir os investimentos em startups, ou terceirizando o processo, por meio de parceria com um ou mais gestores de venture capital.

O processo de implantação de CVC requer uma mudança cultural e organizacional na empresa, sendo necessário o comprometimento e apoio da alta direção ao processo, além de total cooperação das áreas de negócio. Recomenda-se, antes de qualquer decisão, fazer uma análise completa das necessidades da organização e um estudo das potenciais sinergias geradas com investimentos.

Por Bernardo Machado é referência em Venture Capital no Brasil, tendo atuado como investidor, empreendedor, mentor e palestrante desde 2011.

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