As pesquisa mais recentes sobre processos de inovação indicam que para sair das soluções incrementais e ir para as transformacionais irá requerem um novo MINDSET, nem sempre se consegue fazer esta mudança dentro da premissa de TEMPO disponível. Este é o gargalo do processo de inovação!
Por esta razão é imprescindível se criar um ecossistema de inovação que ajude a criar um MINDSET diferenciado do existente internamente. Abrindo a possibilidade de se pensar em novos modelos de negócios e entrega de VALOR diferente da existente.
Primeiro passo são as organizações entenderem qual o VALOR irão obter nas sua relação com as startups. Pode ser para suas operações relacionadas com a cadeia de suprimentos, parceiros, clientes, dados ou simplesmente só nova tecnologia. Isto pode ser feito de 3 maneiras: buscando a startup como parceira/fornecedora ou criar uma joint-venture ou se tornar somente como um potencial investidor.
Uma das empresas que venho trabalhando em um processo de mudança de MINDSET para inovação nestes últimos 2 anos é o ISQ Brasil. Empresa multinacional portuguesa na área de inspeção e monitoramento de ativos. A aproximação com o ecossistema de startups começou com o programa M-start do Mining Hub. O projeto foi lançado no final do ano passado, patrocinado pela Jaguar Mining que tem minas subterrâneas em Minas Gerais. A 1a fase do M-Start, era a apresentação de uma prova de conceito de uma nova tecnologia, que só poderia ser feito por uma startup. O ISQ foi ao mercado e descobriu o ITQ – startup – que trabalhava com sensores óticos. O desafio do projeto era para gerar um sistema de anti-colisão em minas subterrâneas.
Veja o desenho abaixo.
Esta junção entre empresa consolidada e startup é profícua e benéfica para ambas as partes. Enquanto o ISQ detém o conhecimento e experiência do mercado e clientes, o ITQ tem a tecnologia em processo de desenvolvimento. Esta união de valores diferentes e diferenciados em prol de um objetivo comum possibilitou um aprendizado acelerado para resolver um problema real. nesta fase atual do projeto, estão começando a surgir possibilidades de escalar a tecnologia do ITQ em aplicações para outros clientes. Talvez com uma possibilidade de uma Joint Venture.
Quando se fala em Joint Venture que é outra possibilidade de explorar o ecossistema, pode-se citar o exemplo da Fintec chamada Welab sediada em Hong Kong. A startup oferece serviços financeiros por aplicativos. Com cinco anos de vida, a Welab tinha crescido principalmente na China e já estava com mais de 10 milhões de usuários, quando fez uma Joint Venture com a Astra Internacional, um conglomerado automotivo da Indonésia. Neste exemplo, de novo, a união das 2 empresa, faz com que a experiência e conhecimento de mercado de uma empresa estabelecida adquira agilidade em usar a tecnologia que não está dentro de casa para resolver os problemas dos seus clientes. A Joint Venture foi assinada em final de 2018 e em 2 anos ela já contribuiu com mais de 1,5 milhões de novos usuários.
A terceira opção é investir no desenvolvimento de startups, criando pequenas aceleradoras ou investindo nas fases de desenvolvimento de startups que tenham potencial. A Astra – o conglomerado automotivo da Indonésia , por exemplo, também usa a estratégia de acelerar pequenas startups. Este é o caso da Gojek que juntamente com a Astra criaram a GoFleet, que é um marketplace de aluguel automotivo online. A Gojek entrou com a plataforma de clientes e serviços enquanto a Astra tem os ativos como carros, caminhões, manutenção e seguro. Para a Astra, é uma oportunidade de participar do crescimento de um novo mercado para o qual levaria algum tempo para desenvolver as capacidade necessárias internamente.
Em termos de INOVAÇÃO, pode-se dizer que buscar a inovação dentro do negócio atual, do core business da empresa, as startups são simplesmente fornecedores de tecnologias para automatizar processos, entender os clientes e crescer no entendimento dos dados, cujo objetivo é produtividade com redução de custo. Quando se usa as Joint ventures, os projetos tendem a estar mais perto do consumidor final, com plataformas que já tenham inteligência de dados para rapidamente se conhecer e acompanhar as mudanças de hábitos dos consumidores finais ou dos clientes. Quando se pensa em investimento no ecossistema de startups a visão já tem um horizonte de médio prazo – 3 a 5 anos – mas significa estar perto de avanços tecnológicos que se estivessem sendo desenvolvidos somente dentro da empresa , não teriam a velocidade necessária mudar a regra do jogo.
Por Solange Mata Machado é diretora-executiva da Imaginar Solutions. Doutora e mestre em inovação e competitividade pela FGV com pós-doutorado (pós-doctor) em neurociência aplicada à tecnologia pela UFMG. Engenheira elétrica com BS pela Universidade Columbia (EUA) e especialização em empreendedorismo e inovação pela Universidade Hitotsubashi (Japão), pela Universidade Renmi da China, pelo Technion – Instituto de Tecnologia de Israel, pela Universidade Yale (EUA), pela Babson College (EUA) e pela Creative Education Foundation (EUA). E contribui com o portal digital Business Leaders e palestrante do CIO Leaders@digital
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