Professor da UniSociesc aponta a importância em se manter atualizado e balancear o conhecimento técnico com habilidades emocionais.
Se você ainda não usou ou teve contato, sem dúvida alguma pelo menos já ouviu falar em Inteligência Artificial (IA) recentemente. Embora fosse algo já presente em alguns segmentos, nos últimos anos a AI entrou na vida de todos de forma muito mais acessível e, consequentemente, já traz impactos no mercado de trabalho e na economia.
Uma pesquisa recente da edX, uma plataforma norte-americana de educação fundada pelas universidades Harvard e MIT, trouxe um resultado importante: quase metade (49%) das competências profissionais de hoje em dia podem não ser mais tão relevantes daqui a dois anos, graças à Inteligência Artificial. E, como todo avanço científico, a tecnologia é criada para facilitar a vida, mas frequentemente traz consigo consequências com as quais é preciso aprender a lidar. Mais que uma projeção, trata-se de um alerta desafiador para quem quer se manter no mercado.
A possibilidade de automatização de inúmeras funções e do uso de IA em tarefas do dia a dia tornou ainda mais relevante alguns conceitos referentes ao chamado “profissional do futuro”, preparado para encarar um novo mercado de trabalho em que algumas habilidades não são mais tão importantes e outras passaram a ser indispensáveis. Para Fernando Luiz Freitas Filho, professor da UniSociesc nas áreas de gestão, tecnologia e inovação, doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, trata-se de uma questão de oportunidade:
“Quem é que vai ser o profissional do futuro? É aquele que terá as máquinas ou Inteligência Artificial como aliadas e não inimigas. Então se você hoje é um profissional que trabalha com algo mais mecânico, ou mesmo que é algo que exija um certo desenvolvimento de raciocínio, mas é algo que a Inteligência Artificial pode substituir, é preciso se diferenciar e usar os benefícios desse avanço a seu favor. O diferencial do ser humano é a criatividade e a emoção, coisas que a máquina não vai conseguir. Cabe ao profissional entender rapidamente o que veio para ficar e aprender a lidar da melhor forma com as novidades.”
Esse cenário não apenas pode mudar algumas funções que existem atualmente no mercado como, também, deve criar novas carreiras que ainda nem existem. Por isso, especialistas apontam a importância de se manter ativo e buscando conhecimento, atualizando-se em relação às tendências.
“Como eu vou me planejar para algo que eu nem sei o que vai ser ainda? Planejamento, buscar estar sempre atualizado e bem informado, estar conectado, dar atenção aos ambientes em que estão trabalhando com inovação, sair da nossa bolha”, destaca Fernando.
Para o professor, o “profissional do futuro” precisa estar atento às novidades e buscar treinamento, conhecimento técnico para as novas ferramentas, mas também solidificar as chamadas “soft skills”, ou “competências socioemocionais”. Trata-se de empatia, emoções, criatividade, empreendedorismo, proatividade, entre outras habilidades que estimulam um bom relacionamento entre as pessoas.
Uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half apontou que metade dos executivos consideram que a inteligência emocional é uma habilidade indispensável para líderes no mercado de trabalho. Simultaneamente, conhecimentos técnicos de novas tecnologias e ferramentas também são consideradas diferenciais na hora de escolher um profissional. Ou seja, o caminho é balancear as soft skills com as hard skills.
Lifelong learning
Para se manter atualizado, o professor Fernando Luiz Freitas Filho cita a tendência do chamado “lifelong learning”, termo em inglês que significa algo como “aprendizado a vida inteira”. De forma simples, significa um movimento de busca constante por atualização e novos conhecimentos, sem barreiras ou preconceitos de tema.
“Antigamente a gente falava que você tinha uma profissão e seguia ela por toda a vida. Não é mais assim, não dá para sair da graduação e achar que tendo um diploma já sabe tudo. Falou-se muito em Metaverso recentemente, por exemplo. Eu tenho que ir atrás e saber o que é isso, como pode impactar a minha profissão. Você tem que saber um pouquinho de tudo, as coisas vão evoluindo e você tem que continuar aprendendo, estudando”, ressalta o especialista.
Junto do lifelong learning, outro termo comentado é o “reskiling”, que seria uma espécie de requalificação dentro da própria carreira. Esse ponto é citado pelo Fórum Econômico Mundial como uma prioridade para garantir a empregabilidade atualmente. Na prática, são movimentos que estimulam o profissional a não se acomodar e nem “ser engolido” pelas novidades, sejam elas tecnológicas, sociais etc.
Aprenda a desaprender
Uma dica de ouro para quem precisa se atualizar no mercado profissional, para o professor Fernando, é “aprender a desaprender”. Segundo o especialista, muitos profissionais precisam desaprender alguma prática antiga, que já não faz mais tanto sentido, para aprender um método novo, uma habilidade nova:
“A gente ouve muitas vezes ‘a gente sempre fez assim’. Então desaprenda. Tem que estar aberto às mudanças. O sistema antigo pode até funcionar, mas se tem um novo chegando, está sendo mais usado, aos poucos você vai ver o que pode melhorar. Aprender a desaprender é difícil, é verdade, mas é essencial".
Комментарии