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Reforma Tributária no Brasil: impactos para as empresas e como se preparar

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A reforma tributária que avança no Brasil traz mudanças estruturais que devem alterar profundamente a maneira como as empresas lidam com impostos sobre consumo, incentivos fiscais, precificação, entre outros pontos. Embora ainda existam incertezas quanto ao formato final de algumas mudanças, dados recentes permitem mapear efeitos concretos do novo regime, bem como definir estratégias para que empresas mitiguem riscos e aproveitem oportunidades.


A reforma prevê a unificação ou substituição de diversos tributos sobre consumo (como ICMS, ISS, PIS e Cofins), e obriga empresas a adaptarem sistemas fiscais e contábeis. Porém, segundo levantamento da consultoria Robert Half, apenas 11% das empresas brasileiras declaram estar completamente preparadas para as mudanças tributárias que entrarão em vigor a partir do próximo ano.


A mudança de tributos consolidados para novos regimes exigirá adaptação de sistemas de emissão de notas fiscais, de cálculo de impostos, de escrituração e controle fiscal. Processos internos atualmente dominados pelas variáveis antigas terão de ser revistos e auditados. Além disso, será necessário planejamento financeiro mais rigoroso para evitar sufoco de liquidez.


Alguns setores devem ganhar com a simplificação e com menor cumulatividade de tributos, mas outros — sobretudo os que dependem bastante de incentivos fiscais ou regimes diferenciados — podem sair prejudicados se esses benefícios forem reduzidos. Empresas exportadoras ou que atuem em mercados com concorrência estrangeira também podem enfrentar desafios adicionais.


Com vistas à segurança jurídica, manutenção de competitividade e sustentabilidade financeira, o especialista em direito tributário, Júlio Batista, da Guerra Batista Associados, recomenda algumas ações práticas, como:


1.Mapear os impactos tributários de cada ramo de negócio

Será necessário realizar um estudo interno com consultoria especializada para quantificar como cada imposto afetado pela reforma impactará custos, apuração e créditos. Simular diferentes cenários: com alíquotas esperadas, variações regionais, perda de incentivos etc.


2. Atualizar sistemas de gestão, contabilidade e fiscal

Verificar se softwares de ERP, emissão de notas fiscais, gestão de estoque, cadeias de suprimentos etc. suportam os novos requisitos (IBS / novo IVA, sistemas de crédito, cruzamentos fiscais). Investir também em auditorias fiscais internas para identificar possíveis passivos ocultos.


3. Treinar equipe interna e buscar apoio jurídico tributário

Capacitação de contadores, fiscais, departamento financeiro, equipe de precificação, jurídicos. Estar bem assessorado juridicamente para interpretar as regulamentações que ainda serão detalhadas, e para aproveitar incentivos ou compensações que forem mantidos.


4. Revisar contratos com fornecedores e clientes

Contratos poderão precisar de cláusulas que repassem parte do impacto tributário ou permitam reajustes em caso de mudanças de legislação. Negociar prazos, condições de compra/venda que considerem os novos impostos sobre insumos, crédito fiscal etc.

       

5. Precificação estratégica e transparência de custos

Voltar ao cálculo de custos considerando todos os novos impostos, quantos tributos “diretos” ou “embutidos” incidem no produto ou serviço final. Avaliar se é possível repassar parte desse custo, melhorar eficiência, reduzir despesas operacionais ou até ajustar portfólio de produtos para minimizar impacto.


6. Planejamento financeiro considerando múltiplos cenários

Criar projeções de fluxo de caixa para diferentes hipóteses: cenário otimista, conservador, pessimista. Verificar impacto sobre capital de giro, disponibilidades, necessidade de financiamento para cobrir períodos de transição tributária.


7. Monitorar a legislação em andamento

Apesar de aprovada em diversos aspectos, muitas regras ainda dependem de regulamentação, decretos ou ajustes do Executivo / estados / municípios. Manter equipe ou consultoria atenta a essas publicações para evitar surpresas e penalidades é fundamental.


A reforma tributária brasileira promete modernizar o sistema de impostos, simplificando estruturas antigas e buscando maior equidade. Porém, os efeitos para as empresas serão profundos, tanto em desafios quanto em oportunidades. “Empresas que agirem com antecedência, realizarem simulações realistas e investirem em adaptação estrutural estarão mais bem posicionadas para preservar margens, assegurar compliance e reforçar a competitividade em um novo ambiente fiscal. As mudanças chegarão em breve e estar preparado é o melhor caminho para essas empresas”, conclui Júlio Batista.

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